terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Da esperança noturna


A vida é mundo - é tudo
E, sempre em sempre, há silêncio
Há conversas monólogas e sussurros
Sobre os perversos passados.
Aqueles das madrugadas frias
De medos, tosses e solidão.

Neste momento ímpar do tempo em pleno espaço
Próprio das saudades recheadas de sonhos não realizados
Onde o odores sufocantes do vazio - enigma do nada
E o gosto das lágrimas condensadas em ácido
Abraça-nos forte o coração.

Entre sentidos-meninos
Flores em quadros, livros perdidos
Sentimentos ecoam em movimentos inversos
No plano noturno desse horizonte sem-fim
Num ritmo intrigantemente compassado:
Um beijo-presente, um grito-calado, um soluço-breve e um bocejo...
Um beijo-presente, um grito-calado, um soluço-longo e um bocejo.

Como consolo piedoso, natural e cíclico
Os céus declaram a alvorada e o dia bate seu cartão
O sono toma-nos novamente, dopando a alma inquieta
E, assim, talvez, renasça outras primaveras com esperança.

Um comentário:

Saraiva